quinta-feira, 19 de maio de 2011

U P.

Caminharei por estradas desconhecidas até encontrar a moça dos olhos azuis e lindo sorriso estampado numa face completamente divina. Me custara passar o tempo, até este memorável encontro, até que a veja no fundo da alma, mesmo depois que escutar sua primeira palavra, seu primeiro sorriso tímido, não a conhecerei, mesmo com a maior das impressões que a conheço desde de tempos imemoráveis, a verei, a terei apenas quando suas bochechas rosadas tomarem pigmentação normal, a cor de sua pele.

Neste momento serei completo, tirar-me-ia tudo que puderes, santo deus! Pode me tirar toda fortuna, toda glória, mas não me tire ela, aquele sorriso puro, sincero, completamente verdadeiro, completar-me-á a medida que deixar sua meiga e linda voz tocar o meu grosso ouvido, me elevará ao céu, quando tua mão tocar a minha, mesmo por um segundo, num pequeno instante, me dará a felicidade terrena.

Como sonho com tão encantado dia, como luto para que em um breve momento de sobriedade, deste fascínio incondicional que por ti detenho, consiga pensar em algo mais, algo alem de teu nome, teu rosto e expressões, expressões esta que imagino, que sonho, que cultivo desde os mais românticos aos mais ardentes sonhos.

Já foi minha, pelo menos num febril e delirante sonho que mantive durante horas, num sonho que não quis acordar, neste momento que acordei e vi, percebi realmente que mesmo na distancia, meu corpo busca pelo teu, meus pensamentos já não se distancia mais do que um breve segundo, apaixonado eu? Pode ser, me nomeie da forma como quiser, serei assim, não precisaria de tua permissão para te ter em sonhos, mas se me dizer, não sou tua, tu não és meu, somos distintas, continuarei a sonhar, continuarei a te nutrir em esperanças, mesmo ciente de tal realidade.

Se por acaso corresponder aos meus sentimentos, puros e belos sentimentos, te completaria, você me completaria, nos completaríamos, seriamos nós, não eu, não você, sim nós. Poderíamos compor as mais belas melodias num silencio perpetuo, quem entenderia a linguagem secreta de um casal jovem e apaixonado? Quem precisaria compreender? Ninguém, nossos olhos firmes e contemplativos se bastariam.

Assim termino um escrito, sem poesia, sem palavras belas, não sei fingir, não sei mentir, apenas dizer verdades, verdades cravadas no peito, verdades que pedem para serem ditas.

Cerejas


Cerejas são belas, cerejas são doces, morangos são amargos, quando como cereja meu doce corpo se derrete, quando como morango, meu corpo arrepia.

Suculenta cereja, quando eis de te comer novamente? Não fujas, não se envergonhe, gosto do teu sabor, vamos alem de pequenas mordias, deixa-me me banhar no mais inocente e puro deleite, deixa-me provar de todo teu corpo, teu corpo liso e suave.

Prometo-lhe que cuidarei bem de ti, serás minha cereja, eterna cereja, não te trairei com o morango, não com este, este me faz ter arrepios, quando misturo no açúcar fica doce, mas prefiro você minha cereja, doce e suave a medida do natural.

As vezes penso estar ficando louco, contemplando cerejas, mas cerejas são os meus segredos, os teus, os nossos, quando entenderá que não são tomates, mas sim cerejas, quando entendera que não são amoras, e obviamente, cerejas, eternas cerejas. As contemplo mais do que a elas me contemplam, como diria Fernando Pessoa, simplesmente a amo como se ama o amor, desconheço outra forma de amar, se não te amando, e isto que digo, cereja, amo-te.

Não importa se amanha não terá mais cereja para comer, não importa se a arvore tão viva deste amor secar e virar apenas uma arvore, do que importa chorar pelo amanha, enquanto me divirto como se divertiria uma criança com seu brinquedo novo? De que me importa chorar as magoas do que nem perdi ainda? Cereja, fique na arvore, sei que chegara o outono e te levara, no inverno sofreremos juntos? Quando é que fica madura mesmo? Já nem lembro, de tanto que gosto e admiro você, cereja, minha fruta, meu fruto, meu legume, minha carne,meu céu, meu tudo...

Te dedico amor eterno, mas na eternidade deste momento, desta safra, até quando e onde iríamos se nos colocassem limites? Nada importa, o nosso limite é a próxima coleta, e nesta, não vamos se separar, te guardarei em um pote de sorvete de morango, santa ironia com o morango, mas ele é amargo, como já disse antes, agora te guardarei num espaço onde foste totalmente dele, serás teu, cereja, te amo, deixa que te morda, te devorarei a todo gosto.